quarta-feira, 27 de outubro de 2010

o tempo passa eo que perdeu perdeu

Helen Wright, diretora de uma escola só para meninas na cidade de Calne, na Inglaterra, entrou em trabalho de parto de manhã e, logo depois do almoço, estava de volta ao trabalho com seu bebê no colo. Em entrevista ao tabloide britânico Daily Mail, Helen diz: “No dia em que tive Jéssica, eu fui ao hospital em Bath às 5h45 da manhã. Eu a tive em menos de uma hora e recebi alta três horas depois. Me senti absolutamente bem e pensei: por que não dividir isso?”

A diretora afirma que uma de suas intenções era mostrar para as alunas que elas não precisam ter medo de ser mães e que é possível conciliar a maternidade com uma carreira bem-sucedida. “A maioria das mães quer que suas filhas tenham uma carreira que amem e a alegria de uma família. Eu tenho isso e quero mostrar para as alunas da St Mary’s [nome da escola onde trabalha] que não é um sonho impossível.”

A diretora abdicou totalmente da licença e tem ido todo dia à escola, com o bebê, agora com 8 semanas, nos braços. Ela amamenta Jéssica no intervalo das reuniões e a deixa dormindo quando está muito ocupada – e admite que tudo fica mais fácil porque o bebê tem um ótimo temperamento.

E essa não é a primeira vez que Helen decide não ficar em casa depois do nascimento: fez o mesmo nos primeiros meses de vida de seus outros dois filhos, hoje com 6 e 3 anos de idade. “A maioria das mulheres pode escolher tirar a licença-maternidade ou voltar a trabalhar deixando alguém para cuidar do bebê. Por que não pode haver um terceiro caminho: trazer o bebê junto com você para o trabalho?”, pergunta Helen Wright.

Diretora de uma escola para as meninas da elite britânica – uma das ex-alunas da St. Mary’s é a irmã de David Cameron, que desponta como próximo primeiro-ministro nas eleições de maio – Helen afirma que a cultura atual não encoraja as jovens a ver bebês, a segurá-los e, menos ainda, a ver alguém amamentando, e por isso decidiu dividir Jéssica com os outros.

Concordo com Helen que muitas meninas têm pouco ou nenhum contato com bebês – eu mesma só me lembro de ter segurado no colo com mais frequência uma prima que hoje tem 20 anos de idade – e acho admirável a determinação dela de mostrar que a maternidade não é um bicho de sete-cabeças. Mas fico me perguntando se é mesmo possível levar um bebê recém-nascido para o trabalho.

Talvez a escola seja um ambiente mais salubre para um bebê, mas certamente não posso dizer o mesmo de uma redação, com muito barulho e telefone tocando a toda hora. E acho que a maioria dos trabalhos vai se encaixar na segunda situação. Imagina, Isabel, se você tivesse decidido fazer o mesmo com a sua pequena?

Acompanhamos aqui no Mulher 7×7, por meio dos textos da Isabel, um pouco da correria que é cuidar de crianças pequenas e fico imaginando como seria se ela tivesse aberto mão da licença. Sem falar nas muitas dificuldades da situação, fico pensando se isso não colocaria as colegas de trabalho numa situação desconfortável: se ela conseguiu voltar ao trabalho em um dia, por que você não consegue também?

Helen pode até ser um bom exemplo para as suas alunas, mas, em escala global, acho que sua atitude coloca mais pressão sobre as mulheres, insinuando que, para ter uma carreira, elas precisam ir do hospital ao trabalho sem escala.

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